Ela queria
transbordar sua dor em palavras, mas já não existiam palavras dentro dela e a
falta da escrita era a pior de suas ausências.
As marcas
estavam voltando a incomodar e novas feridas estavam começando a ser desenhadas. Era questão de tempo para todos os espacinhos dela serem
preenchidos com a dor, nenhum cantinho sairia ileso. Ela sempre fora uma
colecionadora de cicatrizes.
Dizem que tudo que é bom dura pouco, então ela estava esperando pelo fim
desde o começo, mas ir embora era tão difícil. Ela nunca foi boa com pontos
finais, sempre dava um jeitinho de transformar em reticências, mas ela já
deveria saber que não é preciso escrever o ponto final para uma história ter um
fim.
Ela nunca foi
boa com máscaras, sempre teve tendência à transparência e por esse motivo não conseguia
ignorar suas dores, precisava enfrenta-las. Mas ela estava tão cansada de
lutar, ainda mais quando precisava ser uma guerreira sozinha. Ela lutava apenas para manter seu sorriso intacto, mas ele
sempre se partia.
Por mais
acostumada que estivesse com o Sol deveria estar preparada para a tempestade,
porque ela sabia que era questão de tempo para o céu desmoronar novamente, e
seu coração sempre foi influenciado pelo clima.
Seu interior
esteve ensolarado por um bom tempo, mas o cinza sempre predominava e estava
retornando mais uma vez. E quando as gotas de chuva começaram a escorrer do
céu, as lágrimas resolveram deslizar por sua face também.
O sorriso dela
se pôs junto com o Sol e a escuridão trouxe consigo aquela velha tristeza. Ela
tinha perdido as cores do seu arco-íris mais uma vez e termia não encontrar
lápis de cor suficientes para (re)colorir o seu céu novamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário