quarta-feira, 31 de julho de 2013

Às 16:03h

Há muito tempo que a escuridão é minha companheira fiel
Eu não enxergo nada além do que as quatro paredes que me cercam
Eu estou trancafiado em um mundo frio
Meu coração está se tornando um coração empedernido
Eu temia isso. Eu não queria que isso sucedesse na minha vida.
Eu tenho um coração empedernido!
Não! Basta-me! Mas eu não tenho força para levantar.
Estou absorto. Sou um lunático com medo da luz.
O que é a luz se não um monte de cores misturadas
Eu prefiro o preto. Mas o preto é a mistura de todas as cores.
Então eu quero ser a cor branca, mas a cor branca não reflete nada
E eu reflito dor, angústia, solidão, tristeza, impurezas.
Não acredito em mais nada!
A minha vida, aos poucos, esvai-se!
Isso é o que mais me dói
Eu poderia sentir a ausência de uma vez, mas a sinto todos os dias
Dolorosamente.
Eu sinto demasiadamente a ausência do mundo.
O que é o mundo se não a destruição por nada.
Mas por que eu me destruo lentamente?
Não sei. Só sei que eu vejo minha destruição.
Não consigo me acolher através da razão.
Estou machucado. Meu coração está dilacerado!
Mas o que eu posso fazer?
Lamentar? Não, não posso!
Chorar? Não, não posso! Já chorei em demasia com idas que nem chegaram a casa.
Eu apenas quero sentir. Mas não sei o que sentir.
Eu sinto tudo: o mundo, o cego, o enfermo e o mudo.
Eu sou todo e não sou nada
Pois eu não sei quem eu sou e não sei quem é ninguém
Mas às vezes eu preciso de alguém
E não encontro ninguém. 
Apenas quero viver, mas viver é andar de encontro à morte
Mas tudo leva a morte.
Não há saídas. Estamos todos à espera do ceifador.
Será que morrer dói?
Meu coração já morreu demasiadas vezes. Doeu.
Mas eu vivi, ou revivi
Mas eu tenho medo de partir
Na verdade não tenho medo de partir
Eu tenho medo de ver alguém partir!
Por isso eu trago o mundo
E meus pulmões doem. Será que perderei o ar?
Morrer! Viver! Empalidecer!
Sou um pálido angustiado à espera de um novo amanhecer!
Mas o que é o amanhecer se não a ausência da escuridão
Mas eu gosto da escuridão
Sinto-me anestesiado no escuro
Ofereça-me companhia, uma boa companhia
Que me complete nas entranhas da minha vida.
Que não tema a dor nem a tristeza nem a felicidade nem a anestesia
Que não tema nada!
Que esteja disposta a mergulhar no mar enegrecido que eu sou!
Mas eu não sou nada!
Então, preencha-me, nem que seja com as tuas lágrimas!

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Do alto da pedra

Era manhã de Julho e eu estava ali, na cidade maravilhosa, de frente para a praia mais conhecida do Brasil. 
Já tinha passado por Drummond e pedido alguns conselhos. Já tinha passado por Caymmi e ouvido ele tocar em minha imaginação.
Apegada aos detalhes fui caminhando e me apaixonando por cada pequeno encanto que passava por meus olhos. É que ali o nada se tornava tudo.
Prossegui guiando meus passos para frente, até de longe enxergar aquelas pedras. Fui subindo até chegar no alto do Arpoador, sentei-me ali e fiquei a espera de assistir ao mais lindo espetáculo que o Sol estava preparando.
O horizonte ainda estava escuro, apenas a Lua iluminava as águas a minha frente e o meu coração estava tomado pela mais deliciosa ansiedade. Naquele momento eu me permiti ser platéia da maior Estrela do mundo. Fechei meus olhos e agradeci a vida por me permitir vivenciar um verdadeiro e lindo sonho. Parecia que eu tinha vivido para ver aquele momento. Abri meus olhos e o horizonte ia clareando a cada minuto que se passava, até que de repente eu vi a luz ardente crescer de uma forma inimaginavelmente incrível. A bola de fogo iluminava todo o meu foco de visão, ia rasgando o horizonte a minha frente. A imensidão marítima e celeste já não estava mais tomada pela escuridão. E foi ali, do alto daquela pedra que eu vi o Sol nascer pela primeira vez rente aos meus olhos no horizonte. Mantive meus olhos bem abertos, mas silenciei minha mente. Abri uma nova caixinha de sentimentos em meu coração e ali depositei cada sensação que estava me tomando. Senti-me completa, renovada e só então percebi que junto com o Sol também estava nascendo uma nova menina dentro de mim. Uma menina de alma iluminada, de coração ardente, um menina com o interior ensolarado. Eu que sempre fui preenchida com a frieza e tristeza do cinza, finalmente tinha encontrado a mais bela e forte luz. 
Olhei para o céu e pedi à Deus que ouvisse todos os sonhos que estavam crescendo dentro daquele meu coração eternamente apaixonado pela vida. Entreguei-me àquele momento, porque ali eu deixei de ser incompreendida, incompleta, inconstante, invisível.  Aquele lugar me compreendia, me completava, me enxergava. Eu queria permanecer ali para sempre, e esse sentimento, eu sabia, seria constante até o último instante da minha existência. Novamente fechei meus olhos, e nesse momento tudo que me vinha em mente era aquele certo alguém, tudo que meu coração desejava era que aquele alguém estivesse ao meu lado, tudo que minha alma bradava era o nome dele. Com as mãos no peito eu pedi mentalmente a Deus que, algum dia, me permitisse estar no alto daquela pedra novamente para ver aquela cena de novo, mas dessa vez com aquele alguém ao meu lado. Depositei todas as minhas preces no Sol que nascia, no céu que se iluminava, nas águas que dançavam, e eu sabia que lá de cima Deus aplaudia sua natureza e conspirava a favor desse meu novo sentimento. Eu sabia que assim como Ele criou o Sol, o céu, a terra e as águas, era Ele também que tinha plantado no meu coração aquela nova semente do amor. 
Contive as lágrimas que ardiam e sorri, porque naquele instante eu tive a certeza que, um dia, eu estaria naquele lugar novamente. Deixei meu coração naquele horizonte com a convicção de que, mais cedo ou mais tarde, eu voltaria para buscá-lo. (Dessa vez para entregá-lo àquele alguém que estaria ao meu lado.)

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Soneto da saudade imensa

A saudade é imensa
E essa dor de sentir saudade não compensa:
O coração fica ébrio de tristeza
E o café arrefece à mesa.

Lembro-me das promessas passadas e comemoradas
Que fazíamos em meio ao enluarar
Agora, são promessas lembradas:
Que estaríamos sempre de sentinelas, postos a amar.

O nosso singelo amor arrefeceu
Meu coração tornou-se empedernido:
E uma vida minha morreu!

Resta-me o estado febril das palavras
Que me são jogadas:
Sem o menor sentido!

terça-feira, 23 de julho de 2013

Fútil coração
Pouco sabe guardar
as coisas na mão, e acha que sabe amar.

Tambor de confusão
Prossegue a cantar e pensa que é feliz.

Oh! Doce ilusão
Quando chegastes? Nunca te quis.

Rumo nesse vagão
Vinhentes em meu peito aflorar.

Tamanha solidão
Eu tão só, não sei amar.

sábado, 20 de julho de 2013

Plural Eu

Me pego em teu abismo, e recrio nossas fantasias.
O que seria de mim, se não tivesse as lembranças para me afogar? 
Nessa noite fria e vazia, tudo que consigo é pensar em ti.
O "pra sempre" se foi com o vento, e nas tuas palavras só restaram a dor.

Meu coração à pouco remendado, eu entregaria a você. 
Daria-te os olhares sinceros, o meu mais belo sorriso. 
Faria de nossas canções, melodias para bailar junto a ti.
Acabaria com essa dor que sinto. Coloriríamos o vazio. 

Ah coração, olhe onde se meteu. 
De tantos meios para se viver bem, escolheu amar um peito que não era seu.  

Queria dançar em teus braços, me mover nesse lindo compasso. 
Faria com que nossa dança durasse uma eternidade. Ou apenas mais uma lembrança.

Dói-me sonhar, principalmente por os sonhos serem meus e não nossos. 
Dói ser singular/plural, num mar de cicatrizes uniformes. 

Ah, coração, olhe onde se meteu. 
Tão apegado as memórias, restou apenas o plural. 

Eu.
                                                                                                 - @retiessencia - São Paulo - SP.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Para não passar em branco

Eu não sei. Estava sem inspiração, mas o meu vazio interior transbordava: às vezes em palavras, às vezes em lágrimas, às vezes em um sorriso ameno, às vezes na dor física, às vezes na dor emocional. Apenas transbordava, às vezes.

Um turbilhão de pensamentos, no auge da entalpia, colidia com meu corpo. Pensamentos são estruturas intangíveis, por que cargas d’água eles machucam tanto quando ocorre a colisão com o nosso corpo físico?

Eu não sei. Minha inspiração tinha se esvaído para a estratosfera. Eu estava voando, como se não houvesse nada em mim. Mas haviam pensamentos. Tão leves e seremos. Pensamentos, apenas. Como é saudável ser vazio: a gravidade não incomoda.

Uma bomba de hidrogênio está se formando dentro do meu pequenino coração. São pensamentos que explodirão. É cru sentir-se oco. É inaceitável viver à mercê da ilusão. Mas o que posso fazer? Estou leve e sereno, percorrendo a estratosfera com meus pensamentos. Vazio, porém. E quando eu explodir, o que sucederá?

Eu não sei. Talvez meus sofismas cairão como um meteoro na Terra. Quem sabe. Meteoro incalculável em sua estrutura, mas sem nenhuma ameaça às pessoas. Somente o choque de ver uma estrutura astronômica se aproximar através do céu.

Subitamente, meu vazio transmutou-se e tornou-se uma anã branca. Estou cego. Estou mais vazio. Como é possível o simples ato de pensar ter uma massa maior que a do Sol? Como é possível uma estrela morta ter um núcleo mais “pesado” que o Sol?


Eu não sei. Talvez o pensar nos foge à razão. E por eu estar sem o mínimo de inspiração, escrevo estas palavras sem sentido. Talvez com falta de conteúdo. Mas não importa. São pensamentos vazios e leves. 

Mas o que é o pensar? 

terça-feira, 16 de julho de 2013

Instante

Gostaria de lhe ajudar. De lhe entregar mais alguns minutos. Mais alguns fiapos de liberdade. Pensava ao olhar aquela cena que concluía-se pelos meus olhos. Era tarde, tarde demais. Estava observando-a a alguns minutos. Suas últimas lembranças eram minhas. Tão sem força, ainda buscava a libertinagem. Uma vez. Somente mais uma vez.

Não sei como ela chegou ali, apenas a encontrei singelamente debruçada no asfalto frio e desprovido de ternura. Ainda sem respostas, as asas tentavam se desprender novamente do casulo. O casulo que agora se encaminhava à sentença. As memórias que lentamente adormeciam.

Afinal, o que somos além de memórias? Memórias em suas dualidades desequilibradas, que por si só, não possuem conjugação. Memórias rasas que são encaminhadas para o "nunca mais" sem passagem de volta, sem opção de reavivamento. Memórias de algo jamais regenerado.

Um vento frio percorreu meu corpo, trazendo-me para a cena atual. E lá se concluía apenas o asfalto consternado. Meus olhos não a encontravam mais. A jovial borboleta, havia sido levada pelo vento. Para o último voo, rumo aos mistérios da eternidade. O alçar categórico de sua sentença, lhe permitiu o fiapo de liberdade que almejei. Não havia nada além da ínfima recordação, daquilo que em um breve instante existiu.

Um instante, que se eternizou em minha realidade.
Um instante, onde uma pequena existência adormeceu.
Um instante – agora – jamais regenerado, jamais reavivado. Somente uma vez, para nunca mais.


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Mistério celeste

Era noite de inverno, fazia frio e como de praxe seu coração estava vazio. 
Isso não era necessariamente ruim, um coração vazio nem sempre é sinônimo de sofrimento. O que a incomodava era estar vazia, sabendo que podia transbordar. No entanto tudo que transbordava dela era um vazio imenso que ocupava todo o seu interior.
Sentia-se em paz, mas angustiada ao mesmo tempo. Ela sempre fora um mar de contradições incompreensíveis.
E foi naquela noite fria de inverno que ela se viu sob um singelo teto de madeira, ouvindo canções que invadiam sua alma e preenchiam qualquer vazio existente, que ela sentiu seu coração transbordar pela primeira vez naquela estação. O clima era frio, mas seu coração estava em chamas, ardendo como nunca antes. Era o amor mais belo que ali habitava, um amor que ia além daquele explanado pelos poetas, um amor ainda maior do que aquele dramatizado pelos românticos, um amor que acolhia, preenchia, aquecia. Um amor que abraçava a alma e beijava o coração.
Naqueles instantes em que transbordava, ela abandonou a razão e se permitiu apenas o sentir. Fechou seus olhos e apreciou cada segundo de ardência, até sentir-se plenamente em paz. E de repente sentiu que em sua alma asas se abriam e ela podia jurar que estava voando. Ela flutuava.
Levantou-se e caminhou para fora. De repente o singelo teto de madeira deu lugar a imensidão celeste. 
Ela ficou parada por alguns minutos absorvendo toda a magia que havia vivenciado a poucos instantes. 
Quando se permitiu voltar a realidade olhou para o céu. O mesmo céu que ontem estava enegrecido sem nenhuma cor ou iluminação, naquele momento estava encoberto de estrelas, e a lua minguante pendurada na escuridão iluminava toda aquela noite com seu brilho prateado. A lua parecia uma virgula em meio a todas aquelas mensagens ocultas que a imensidão transmitia. Escritos que não podiam ser lidos por meros olhos humanos. Escritos que só podiam ser sentidos pelo coração. A lua harmonizava a melodia das mensagens, enquanto as inúmeras estrelas faziam daquele livro celeste algo infinito. As estrelas serviam como reticências.
E naquele momento ela sentiu que seu coração podia facilmente ser um capítulo daquele livro imenso, pois ela sentia que a paz que a habitava naquele momento era como a lua que servia de virgula e harmonizava o céu. E a euforia mágica que ali se espalhava eram como as estrelas: reticências que não permitiam que o ponto final fosse escrito dando fim aquela linda história.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Bem-vinda, Solidão

Como o silêncio noturno torna-se atormentador quando não se tem uma voz acolhedora ao seu lado. A solidão, companheira fiel dos amantes, manda suas lembranças no desenrolar noturno. Estado febril ao qual cheguei. Contemplei a imensidão, à busca de um caminho. Mas nada encontrei. Senti apenas o soar lânguido do meu coração, enaltecendo o caminho desolado no qual estou seguindo. Triste! Como é fácil e simples escrever sobre a tristeza, pois a sentimos. Nós amantes, não conseguimos escrever sobre a felicidade, pois a felicidade é um sentimento que vivemos, poucas vezes, mas vivemos. Fazemos desse sentimento tênue uma eterna biblioteca mental. O sentimento desfaleceu, a felicidade esvaiu-se; e o que restou? A tortura! Buscamos nas prateleiras o livro da felicidade e não o encontramos. Por quê? Porque estávamos vivendo e quem vive guarda a felicidade no âmago da alma. Escrevemos baixinho sobre a felicidade, motivo pelo qual é assombroso percorrer a nossa estrada da memória. Um deslize e estamos no inferno desolado da saudade.


Quantas e quantas vezes eu tentei me libertar,
- O amor não estava no ar.
Quantas e quantas vezes eu tentei sair,
- O amor não estava no elixir.
Quantas e quantas vezes eu tentei dormir,
- Mas o amor estava por florir.
Quantas e quantas vezes eu tentei acordar.
- Eu tinha me esquecido de como amar.


O dia começa a desenhar-se. A aurora trará um novo dia com as mesmas angústias do dia anterior. E eu, de erros em erros vou construindo minha canoa para navegar nesse mar desolado e impiedoso. Entre estas linhas tortas existe uma alma aturdida pela saudade de amar. Talvez eu não saiba amar. Ou talvez eu ame em demasia o destino – límpido ou pútrido. Mas o que é um destino para uma existência demasiada solitária? Meu coração está ferido. Sangra em demasia. Um sangue triste que implora por uma dose anestésica. Eu imploro por um anestésico intravenoso. Eu imploro! 


Últimos versos que ferem meu coração 
Acendi meu último cigarro:
Bem-vinda, Solidão. 

terça-feira, 9 de julho de 2013

Renovação

Deixei que tuas corres
borrassem minhas dores
num simples pincelar.

Permiti que teu sorriso
encontrasse abrigo
num rosto familiar.

Segurei em sua mão
ao contaminar-me em explosão
do que não soube distinguir.

Abandonei em seu mar
meu desajustado navegar
sem receio de submergir.


quarta-feira, 3 de julho de 2013

À janela

Às vezes é preciso não fazer nada,
Ficar à espera da primavera.
O Amor ressurgir-se-á,
E a paz, finalmente, aclamar-se-á.

Uma vida de anedotas, dizeres e, por vezes,
Pouco são os saberes.

Mas o retorno está no renascer das flores,
No deslize mais sutil das palavras
- sem o atrito da maldade -,
Dissecando sobre como as flores entram em harmonia, no seu momento certo.

A harmonia está em abrir a janela,
Pensar no essencial para uma vida bela.
Sentir o reluzir do Sol, tocando o âmago da sua alma.
Com a luz da saudade...
Do universo em harmonia.

Acredite!
Os corações soaram em uníssono:
É o amor entre os homens:
O amor da imperfeição,
Pois a perfeição é ínfima perto do amor.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Insuficiência poética

Olhei para o céu e busquei pelas estrelas: Elas haviam se escondido.
Olhei para o meu coração e busquei pelo amor: Ele havia desaparecido.
Tentei encontrar todo aquele grito silenciado: Ele já estava contido.
Tentei buscar inspirações nos meus infinitos clichês: Tudo havia sumido.
Abro e fecho meus olhos em busca de uma explicação, 
mas para o que sinto agora não existe definição.
Algumas rimas soltas e pobres ficam vagando sem rumo, sem saber onde se encaixar. 
Estou perdida junto com essas palavras, já não sei quais sentimentos irão me acompanhar.
Abri as grades do meu coração, libertei todo o amor que em mim vivia. 
Tudo voou para longe e fugiu-me a poesia.