Eu não sei. Estava sem inspiração, mas o meu vazio interior
transbordava: às vezes em palavras, às vezes em lágrimas, às vezes em um
sorriso ameno, às vezes na dor física, às vezes na dor emocional. Apenas
transbordava, às vezes.
Um turbilhão de pensamentos, no auge da entalpia, colidia
com meu corpo. Pensamentos são estruturas intangíveis, por que cargas d’água eles
machucam tanto quando ocorre a colisão com o nosso corpo físico?
Eu não sei. Minha inspiração tinha se esvaído para a
estratosfera. Eu estava voando, como se não houvesse nada em mim. Mas haviam pensamentos. Tão leves e seremos. Pensamentos, apenas. Como é saudável ser
vazio: a gravidade não incomoda.
Uma bomba de hidrogênio está se formando dentro do meu
pequenino coração. São pensamentos que explodirão. É cru sentir-se oco. É
inaceitável viver à mercê da ilusão. Mas o que posso fazer? Estou leve e
sereno, percorrendo a estratosfera com meus pensamentos. Vazio, porém. E quando
eu explodir, o que sucederá?
Eu não sei. Talvez meus sofismas cairão como um meteoro na
Terra. Quem sabe. Meteoro incalculável em sua estrutura, mas sem nenhuma ameaça
às pessoas. Somente o choque de ver uma estrutura astronômica se aproximar
através do céu.
Subitamente, meu vazio transmutou-se e tornou-se uma anã
branca. Estou cego. Estou mais vazio. Como é possível o simples ato de pensar
ter uma massa maior que a do Sol? Como é possível uma estrela morta ter um núcleo
mais “pesado” que o Sol?
Eu não sei. Talvez o pensar nos foge à razão. E por eu estar
sem o mínimo de inspiração, escrevo estas palavras sem sentido. Talvez com
falta de conteúdo. Mas não importa. São pensamentos vazios e leves.
Mas o que é
o pensar?
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