Gostaria
de lhe ajudar. De lhe entregar mais alguns minutos. Mais alguns fiapos de
liberdade. Pensava ao
olhar aquela cena que concluía-se pelos meus olhos. Era tarde, tarde demais.
Estava observando-a a alguns minutos. Suas últimas lembranças eram minhas. Tão
sem força, ainda buscava a libertinagem. Uma vez. Somente mais uma vez.
Não sei como ela chegou ali, apenas a
encontrei singelamente debruçada no asfalto frio e desprovido de ternura. Ainda
sem respostas, as asas tentavam se desprender novamente do casulo. O casulo que
agora se encaminhava à sentença. As memórias que lentamente adormeciam.
Afinal,
o que somos além de memórias? Memórias em suas dualidades desequilibradas, que
por si só, não possuem conjugação. Memórias rasas que são encaminhadas para o
"nunca mais" sem passagem de volta, sem opção de reavivamento.
Memórias de algo jamais regenerado.
Um vento frio percorreu meu corpo,
trazendo-me para a cena atual. E lá se concluía apenas o asfalto consternado.
Meus olhos não a encontravam mais. A jovial borboleta, havia sido levada pelo
vento. Para o último voo, rumo aos mistérios da eternidade. O alçar categórico
de sua sentença, lhe permitiu o fiapo de liberdade que almejei. Não havia nada
além da ínfima recordação, daquilo que em um breve instante existiu.
Um instante, que se eternizou em minha
realidade.
Um instante, onde uma pequena
existência adormeceu.
Um instante – agora – jamais
regenerado, jamais reavivado. Somente uma vez, para nunca mais.
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