Pela janela afora encarava o Universo
se findando. Vislumbrava a Lua clareando a escuridão do mundo naquele denso
céu, e transferindo seu brilho ao extenso Mar que ali se estendia. Inspirou
fundo. Fechou os olhos.
Pobre
Lua! Tão bela, tão só.
Não havia ninguém para compartilhar aquela cena reprogramada em seus olhos, e
tão pouco a grandeza que aquilo significava. Mas algo ali era intrigante.
Estava contido nos detalhes, nos olhos dispostos a enxergar. Havia a
contemplação singela e ínfima, a modulação de dois espaços numa união
imensurável. A simples ação de entrega, aniquilava qualquer colonização ou
mudança, transpassava os questionamentos físicos. Dois, se encontrando em um. Um
sendo dois. Ambos contemplando sua solidão. Ambos transbordando seus detalhes.
A grandeza de uma Lua, que se tornou abundante em um Mar solitário. O inóspito
Mar, encontrando sua companhia numa noite rarefeita. A magia da contemplação. A
utopia do amor. O amor que não impõe, sobretudo permite a ipseidade singular. O amor que se lança a insegurança, os
escassos, a libertinagem, que adentra novos mares e contamina corações céticos.
Estava ali, uma ingênua demonstração camuflada de amor. Sem privações,
imposições, ou mudanças.
O vento frio passou rente seu rosto,
trazendo seus pensamentos para a realidade. Abriu os olhos. Não existia mais
nenhum reflexo ali. As nuvens haviam ocultado o brilho da Lua, e o Mar nunca
pareceu tão solitário. Todavia naquela noite compreendeu a beleza dos detalhes.
E almejou mais uma vez que alguém por alguns momentos, contemplasse sua
singularidade, e adentrasse em seu mar de solidão.
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