Sempre fui sonhadora, do tipo que inspira romantismo e
expira esperança. Que perde o sono, porque não é preciso dormir para sonhar.
Sempre tive os sonhos como meus melhores amigos e eles nunca
me abandonaram. Muitas vezes desisti de sonhar, mas felizmente os sonhos nunca
desistiram de mim.
Há quem diga que quem sonha demais acaba se frustrando, e é
verdade. Muitas vezes tive a decepção e frustração como companhia. Muitas vezes
me afoguei em lágrimas por achar que meu destino era negligente e esquecia-se
de me dar um pouco de felicidade, porque para mim tal sentimento sempre estava
em falta.
Mal eu sabia que o meu destino se importava muito comigo, a
ponto de achar que eu não merecia metades, que eu não merecia doses
homeopáticas de felicidade. Ele preferiu guardar cada dose até ter certeza que
eram suficientes para curar todas as minhas enfermidades. Então finalmente o destino resolveu me dopar, me fez tomar
tantas doses de felicidade que a cura foi instantânea.
Há quem diga que não vale a pena acreditar nos sonhos que se
tem, quão pobres são tais pessoas.
O “Era uma vez” pode sim transformar-se em um “É dessa vez!”.
A história pode sim virar um conto de fadas. E o “felizes para sempre” pode sim
ser distante o bastante para a história ser escrita de forma tão bela e
detalhada que possa futuramente ser lida como a Bíblia do Amor.
Histórias não são contos fadas pela capacidade dos
personagens serem príncipes e princesas. Contos de fadas têm a ver com a
capacidade dos personagens terem coragem o suficiente para rejeitarem o papel
de coadjuvante, para enfim terem acesso ao enredo dos protagonistas. Está na
capacidade dos personagens viverem a história intensamente e aceitarem Deus
como escritor.
Achamos que nunca viveremos uma fantasia cinderelesca, mas
de repente a vida samba em nossa cara e ri nos dando o livro embrulhado para
presente. Quando lemos nosso nome escrito no livro nem acreditamos, achamos que
logo o despertador irá tocar nos acordando do sonho. Mas aí a gente acorda e vê
que dormimos abraçados com o livro e quando abrimos nosso livro nosso nome
ainda está escrito lá. E então sorrimos, sorrimos porque pela primeira vez a
vida sorri pra gente.
Sim, a vida é engraçada e gosta de nos torturar um
pouquinho. Nos dá provas de fogo só para ter certeza se somos merecedores do
que ela, com muito carinho, nos reserva.
Sim, o mundo pertence aqueles que acreditam na beleza dos seus
sonhos. E hoje o mundo me pertence, eu consigo abraça-lo, porque finalmente sou
completa. Meus braços já não são curtos demais, porque a vida com muito amor me
tornou infinita.
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