quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Poeminha da timidez

Devido à timidez eu escrevo tudo aquilo que quero lhe dizer;
por conta da timidez, eu a beijo, todas as noites, até o Sol nascer.
Onde o mar cruza com o céu, no mais perfeito horizonte:
eu entrego todas as minhas ânsias ao vento.

Devido à timidez eu a encontro em meus mais tenros devaneios:
pairando, sobre o ar sujo, o amor límpido que o meu coração emana.
Encontro-lhe, na sutileza do voo, o amor que há em seus seios;
encontro-lhe, em meu peito, nas minhas mais tristes semanas.

Minha timidez são amores que eu sonhei,
mas por conta da trajetória distinta,
eu apenas os desenhei:

Em um papel em branco
com cuja tinta enegrecida:
sentados, de mãos atadas, em um banco.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Um conto real

Fico rindo ao pensar em você. É que além de você ser um palhaço fez um capítulo da minha vida ser uma grande comédia, cheia de lembranças boas que me despertam sorrisos. Fico imaginando eu contando para as minhas filhas e netas como foi que conheci o meu primeiro namorado: "Eu o conheci numa viagem que fiz ao Rio de Janeiro, posso dizer que foi amor à primeira vista mesmo que naquele primeiro momento eu não quisesse ouvir os sussurros cansados do coração. Mas quando o amor chega, mesmo que o coração esteja cansado e sem voz, ele brada tão alto que é impossível não ouvir, e do alto do arpoador, vendo o sol nascer, eu descobri que estava apaixonada. Mas nesse mesmo dia eu viria embora para Curitiba e senti um medo gigantesco ao pensar que talvez eu nunca mais fosse vê-lo, e tendo o sol e as águas como testemunhas da minha desolação eu chorei. Não deixei com aquele moço apenas as minhas palavras marcadas em uma carta, deixei também meu coração naquele abraço de despedida. Porém nenhum sentimento é em vão, o destino gosta de pregar peças e brincar com a gente, mas gosta de deixar marcas independente do tom sarcástico que usa nos acontecimento da nossa vida. Então, dezenove dias depois que eu voltei para casa, ele me pediu em namoro e foi o momento mais emocionante da minha vida até aquele dia. Sempre achei que sonhos não tinham relação com a realidade, que fantasias não podiam sair do campo abstrato para o concreto, mas o destino,  que sempre adorou deixar marcas em mim, me provou o contrário. A partir daí eu comecei a escrever um milhão de poesias pra ele, mas ele nunca leu uma palavra se quer. Comecei a sufocar ele com o meu sentimentalismo e quem quase morreu de falta de ar fui eu mesma. É, não durou. Namoramos a distância durante um mês e cinco dias, mas resolvi ser corajosa e não maquiar o ponto de final de reticências. Escrevi o ponto final e fim. Terminei nossa história, porque estava enlouquecendo tanto eu quanto ele. Foi melhor assim. Nunca vou esquecê-lo, ele foi um capítulo bonito da minha história. Ele era um príncipe que não virou sapo, mas nossa história não era um conto de fadas para ter um final feliz. Porque contos de fadas não existem e se existissem eu não seria destinada princesa. Nunca nos beijamos, não tivemos um namoro comum, mas eu sempre fugi dos padrões mesmo e meu primeiro namoro foi a minha cara. Perfeito pra mim. Foram trinta e cinco dias de muita paixão, de sentimentalismo em excesso, eram dias que transbordavam, declarações, músicas e dois corações batendo no mesmo compasso. Fomos tão intensos quanto Romeu e Julieta, mas antes que um de nós nos matasse resolvi transformar o drama em comédia romântica. E por fim nossa história até pareceu um pouco com as minhas histórias de livro." As menininhas ainda ingênuas e inocentes, sem cicatrizes e frustrações, sorririam com os olhos brilhando e cresceriam com a certeza de que uma história não precisa ter um final feliz ou um "felizes para sempre" para ser intensa e bonita. 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Epigrama nº 1

Eu sonhei que os nossos sentimentos entravam em ressonância 
Um ímpeto atingiu meu coração, senti uma ânsia
em lhe beijar, amar-te, em dançar a noite inteira,
inventar um amor, uma palavra, uma besteira. 

Eu queria navegar por noites incontáveis nesse sonho
mas é preciso despertar e perceber que o toque esvaiu-se
que este devaneio se desfez com o vento
e o que me restou foi esse manifesto, que eterniza um momento. 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Ser

Ela tinha uma necessidade absurda de cuidar, de mimar, de amar, e nem precisava que fosse recíproco. Ela cuidava sem receber cuidados. Mimava sem ser mimada. Ela amava mesmo sem receber um pingo de amor. E não importava, porque tudo que ela precisava era ver os outros sorrirem, ela amava colecionar sorrisos alheios. 
Todas as noites ela pedia a Deus que cuidasse dele, que não deixasse que nada no mundo abalasse a sua felicidade e tirasse dele aquele sorriso. Ela gostava de sorrisos, sobretudo do dele. 
Ele era complicado, era mesmo, mas ela amava cada pontinho de complexidade que nele habitava. Ele se contradizia o tempo todo, mas só de vez em quando. Era o oposto, o invés, o revés dele mesmo. Ele era um anjo que infernizava a vida dela e ela adorava essa confusão. 
Ela o amava sim, e tinha uma vontade imensa de cuidar dele, de fazê-lo sorrir, de secar suas lágrimas se preciso fosse. Ela queria poder abraça-lo toda vez que ele dizia estar triste. Queria poder solucionar todos os problemas que o atormentavam. É que ela tinha uma mania louca de querer abraçar o mundo esquecendo que seus braços eram curtos demais. 
Ela gostava de se doar, porque cuidar dos outros era seu jeitinho de cuidar de si mesma. 
Ela gostava de amar, porque dentro do seu coração tinha amor para dar, doar e doer. Ela se importava com os outros, porque sempre sentira que sua missão era fazer os outros felizes. Ela aprendeu que para que outros pudessem sorrir, valia a pena chorar. Pra que outros pudessem ser salvos, valia a pena morrer um pouquinho. Tudo valia a pena se ela pudesse ser recompensada com sorrisos. Só isso, mais nada. 
Então ela ia cuidando, amando, se doando. Porque esse era o seu prazer. Essa era a sua paixão. Essa era a sua fórmula para ser feliz.
E o tal anjo que ela amava podia até não se importar com ela, o mundo podia até rir dela, os outros podiam até tentar derruba-la, mas nada disso importava, nada disso a atingia, porque ela tinha encontrado a força, o consolo, o amor e a felicidade naquEle que entendia de sofrimento mais do que ninguém. NaquEle que amou mais do que todo mundo. NaquEle que se doou e se doeu até por quem nem existia. E com Ele ela caminhava. O exemplo dEle ela seguia. Os Seus conselhos ela ouvia. E nos braços dEle ela se apoiava para que nada no mundo conseguisse derrubá-la. E Ele a segurava e dava esperanças, Ele a mantinha forte e feliz. E nEle ela aprendeu a ser uma só.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Há vida


O que é a vida além de sucessivos lapsos de memórias poéticas? 

Eu, enclausurado nesse mar assustador e incrível de imagens: 
- Já fui louco na insanidade do elogio; 
- Já me tornei imoral para emancipar-me; 
- Sou alguém que sabe que não sou tão bom, na cegueira do nosso coração; 
- Também apostei na maré branca que um dia mudará nossa visão; 
- Naveguei num mundo assombrado pelas pseudo-ciências e crédulos; 
- O horizonte de evento que me fez ver-me dois e o tempo não passou, aparentemente; 
- Presenciei o tempo ruim das famílias que são oprimidas pelo latifúndio; 
- Senti a peste abrir minhas feridas mais íntimas: podemos ser melhores em tempos de pestes. 
- Entendi a imagem final da metamorfose feminina: da adolescência para a mulher; 
- Chorei com a sensibilidade da primeira mulher que ocupou a ABL;
- Fui convencido, com argumentos simples e ricos, que a morte é a maior das liberdades; 
- Naveguei na estrada repleta de benzedrina. 
Sou e sou imagens, demasiadas imagens
nesse lampejo de memórias cheias de mensagens. 
Meu coração partido, descobriu as memórias poéticas
no putrefato Adeus que um dia, na mais brilhante das dialéticas
mostrou-me que não há cura. 
Há sorrisos. 
Há metamorfoses. 
Há prantos.
E, principalmente,
há vida.


segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Senti(n)do

Sempre caminhei sozinha na contramão da vida, percorrendo uma estrada cheia de utopias. Sempre sem direção certa, desgovernada em minhas andanças, porque sou feita de contradições e inconstâncias. 
Gosto de caminhar para frente, correndo rumo a uma estrada nova, mas vez ou outra preciso voltar para trás e resgatar alguns momentos na estrada da memória. 
E voltando eu me perco e me perdendo eu me encontro. São nos contrários de mim que mora o encanto. 
Não sou feita de medidas exatas, ainda não aprendi a me dosar. Sou muito, sou tudo, é tanto Eu que preciso me doar.
Uma louca desvairada que caminha calma e desesperada. Me encho de tudo, me encho de nada, e vou transbordando meus acúmulos e vazios no decorrer da estrada. 
Preferi a estrada mais longa, caminho na emoção e não na razão. Em cada curva vivo uma loucura, em cada esquina encontro uma contradição. 
São nas dúvidas que encontro minhas certezas. É através do cinza que começo a pintar um arco-íris. É na dor e na solidão que encontro o amor e a paixão. Uma explosão de contradição, é assim que pulsa o meu coração.
A menina que em mim habita nunca fez sentido, mas sempre foi mestre na arte de viver sentindo. Se na faculdade da vida ela só tivesse que amar, com certeza seria uma aluna exemplar. Mas, infelizmente, na matéria de fazer as coisas darem certo ela acabou de reprovar. 
Ela já foi muito corajosa, destemida, inquieta e se os sentimentos fossem esportes radicais ela seria uma grande atleta. Mas o amor é semelhante ao bungee jump e ela já sofreu alguns acidentes. Feriu seu coração e traumatizou a sua mente. 
A menina que caminhava sozinha na contramão da vida hoje caminha perdida, com medo, querendo mudar a direção, desejando percorrer uma estrada sem curvas e sem nenhuma frustração. A matéria de amar ela desistiu de estudar e de bungee jump ela não tem mais coragem de pular. 
É que a pobre menina bebeu doses de complexidade altas demais para uma só vida e os fardos da realidade lhe causaram muitas feridas. 
Hoje ela já não se arrisca sem temor, porque a menina tem mais medo do amor do que de filme de terror.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Reticências

Nunca soube lidar com começos, assim como nunca soube lidar com meios e fins. A verdade é que eu sou do tipo que não sabe lidar com a vida.
Não sei ao certo em que momento você começou a ser o meu ponto de paz, minha fonte de alegrias, o motivo dos meus sorrisos bobos. Não sei quando foi que eu me descuidei e deixei você habitar o meu coração. Eu achei que estivesse bem trancado, então como você entrou, menino? 
Acho que é verdade aquela história de que os sentimentos superam todas as barreiras e obstáculos. Não adianta trancar as portas e fechar as janelas, nem mesmo ignorar as batidas e os chamados, o sentimento vai lá e passa pelo vãozinho da fechadura se necessário e de repente se instala dentro do seu coração. Logo você se acostuma com a presença dele lá dentro, até que um dia você percebe que ele já é uma parte de você. 
E quando eu vi aquele olhar eu tive a certeza de que estava apaixonada. Aquele olhar que ainda não me pertencia, mas eu gostava de acreditar que sim. Ele não era meu, não inteiramente, mas eu estava aprendendo a lidar com frações. 
Eu que sempre fui poesia estava tendo que lidar com um sentimento extremamente matemático e diariamente eu tentava descobrir uma fórmula para transformar aquela fração em um número inteiro. O problema é que eu nunca fui boa com cálculos.
Eu gostaria de dizer que vivemos uma história de amor desde o "Era uma vez", mas não, vivemos uma história harmônica e fomos escrevendo os sentimentos conforme foram se passando os capítulos. Nossa história não teve um fim, está incompleta, e nós narradores-personagens só estamos sofrendo de insuficiência poética e para não danificar o enredo optamos por pausá-la. Eu ainda sonho com o dia que olharei para os seus olhos novamente e ainda sorrio só de pensar. Quem sabe nesse dia quando eu olhar bem no fundo dos seus olhos eu desvende os seus mistérios. Talvez seus olhos revelem seu coração e a sua alma. Quem sabe, com muita sorte, eu me encontre neles. 
Mas de tudo que você poderia ter sido, você preferiu ser um anjo. Um anjo que mesmo sem asas me ensinou a voar. Um anjo que me proporcionou um pedacinho do céu, pedacinho que foi o suficiente para me tornar infinita.
Hoje eu flutuo e a causa é você, que trouxe à minha vida paz em plenitude. E se hoje eu não perco o meu sorriso foi porque você deu a ele a imortalidade. Hoje meu sorriso é imortal, imortal como o seu encanto, meu anjo.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Imensidão

À espreita, “atrás” das nuvens enegrecidas, a Lua estava, lentamente,
                                                                               [emanando a luz solar.
Toda a imensidão escura que estava sobre a minha cabeça refletia o mar
no qual estou navegando
à busca de palavras para jogar, feito poeira, que o vento leva facilmente, para
                                                                                                    [o nada.
Todo resquício cósmico que me preenche:
à sombra desta solidão que perfura a alma. Não há nada além de átomos:
Sou um ser construído com alicerces rígidos, com ligações que precisam de
                                                     [demasiada energia para rompê-las.
O amor atinge os trezentos absolutos e me estilhaça no ínfimo do meu existir
Mas não encontro nada. O que poderia encontrar? Além de solidão?
Mas que amor me desvencilha no âmago do meu ser?
Inteligível. Inócuo. Único.
Há amor dentro do meu coração empedernido, mas não há discernimento:
Então, a louca vontade de gritar despudoradamente, esmorece, lentamente.
Há amor, mas não há ser amado.
Falta um buraco negro para eu sentir a sensação de uma força maior da qual me
                                                                                               [atrai para a Terra:
Destruir meu alicerce e cultivar cada átomo esmiuçado pela grandeza
                                                                                         [do Universo.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Coleciona(dor)a de cicatrizes

Ela queria transbordar sua dor em palavras, mas já não existiam palavras dentro dela e a falta da escrita era a pior de suas ausências.
As marcas estavam voltando a incomodar e novas feridas estavam começando a ser desenhadas. Era questão de tempo para todos os espacinhos dela serem preenchidos com a dor, nenhum cantinho sairia ileso. Ela sempre fora uma colecionadora de cicatrizes.
Dizem que tudo que é bom dura pouco, então ela estava esperando pelo fim desde o começo, mas ir embora era tão difícil. Ela nunca foi boa com pontos finais, sempre dava um jeitinho de transformar em reticências, mas ela já deveria saber que não é preciso escrever o ponto final para uma história ter um fim.o que é e-mail marketing
Ela nunca foi boa com máscaras, sempre teve tendência à transparência e por esse motivo não conseguia ignorar suas dores, precisava enfrenta-las. Mas ela estava tão cansada de lutar, ainda mais quando precisava ser uma guerreira sozinha. Ela lutava apenas para manter seu sorriso intacto, mas ele sempre se partia.
Por mais acostumada que estivesse com o Sol deveria estar preparada para a tempestade, porque ela sabia que era questão de tempo para o céu desmoronar novamente, e seu coração sempre foi influenciado pelo clima.
Seu interior esteve ensolarado por um bom tempo, mas o cinza sempre predominava e estava retornando mais uma vez. E quando as gotas de chuva começaram a escorrer do céu, as lágrimas resolveram deslizar por sua face também.
O sorriso dela se pôs junto com o Sol e a escuridão trouxe consigo aquela velha tristeza. Ela tinha perdido as cores do seu arco-íris mais uma vez e termia não encontrar lápis de cor suficientes para (re)colorir o seu céu novamente.


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Sem título

Creio que meu coração seja realmente arredio.  Como Cecília Meireles salientou, A vida só é possível reinventada. Eu a reinventei, de uma maneira estranha: busquei na solidão às respostas as minhas irrequietas perguntas. Nunca a cessaram. Mas eu encontrei, neste mar bravo e caótico, navegando sozinho, uma serena resposta. 

Há tempos que eu estou a escrever-lhe – mesmo sem a tua chegada -, pois eu sei, com todos os meus cânticos despudorados, não tardas a cruzar a minha estrada. Quiçá, estejas na mesma busca: a liberdade plena através do amor. 

Tantas foram os desmaios da tarde: contemplando, sozinho, a beleza do Universo. Tantas palavras foram vomitadas, entre elas, sempre havia a ‘solidão’. Escrevi tanto sobre o amor, sentindo a ausência do ato de amar. Cantarolei saudades que ainda não chegaram. 

E Saramago tinha toda a razão quando falou, desvergonhado, à câmera, que sempre chegamos ao sítio que nos esperam. O meu sítio é o teu coração, bem-amada, e eu o penetrei: com mala e cuia. E quero aproveitar, sugar todo amor que habita teu engrandecido coração, para que o Adeus seja menos dolorido, que as lágrimas valem a pena serem derramadas. 

Eu navegava, navegada, navegava, e a cada dobra do Universo eu não a encontrava. Decidi parar, ancorar meu navio. Neste ponto, após alguns entardecer, eu a encontrei, caminhando absorta, pensativa. Pensei comigo, Será que ela tem as mesmas, ou talvez, algumas, das mesmas inquietações que perambulam pela minha mente. 

Eu encontrei a serena resposta. As tuas irrequietas perguntas completam as minhas tormentas. Versa-vice. O amor não é, em todas os momentos que estamos juntos, acalentar um coração. É colocá-lo no êxtase mais profundo que a vida pode dar: as perguntas para a emancipação, a incerteza das respostas. 

Bem-amada, lembro-me do momento no qual eu estagnei na estrada, estendi meus braços ao Universo e a vi chegando, lentamente, com os mesmos cânticos despudorados. Teus braços me cerziram; meus beijos lhe completaram; nossos coitos indecorosos florescia um novo jardim: nascia uma nova história. 

Esta pequena e inquieta carta fora escrita antes de tu chegares e entregues quando tu partires. A história, por mais triste que seja a metamorfose da entrega à despedida, tem que ser aproveitava em todos os bilionésimos de segundos que o Universo nos proporciona. Os momentos prevalecerão: ganhamos a sabedoria e a liberdade que é deixar aqueles que nós amamos continuar a tua história. Bem-amada, tenho a liberdade de invocar Nós e dizer-lhe que sugamos, em todos os momentos nos quais passamos juntos, e mesmo nas ausências que nos trouxeram à reconciliação, que sugamos o tutano mais profundo que nos habita: a liberdade do amor. 


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

À menina mais linda desse mundo

Menina de coração puro e alma doce, era assim que eu me referia à ela.
Tinha olhos de esperança e um sorriso sonhador. De vez em sempre me pegava pensando nela e imaginava que sua voz devia ser a melodia mais bonita do mundo, que seu perfume devia ter cheiro de alegria. 
Eu nunca tinha ouvido ela falar, mas suas palavras escritas possuíam a voz mais tocante que eu já tinha conhecido. Uma voz que preenchia, compreendia, alegrava e trazia paz. 
Eu nunca havia estado em corpo presente com ela em algum lugar, mas sua alma constantemente me fazia companhia e todas as noites eu a encontrava brilhando no céu. Sua alma era a coisa mais linda que existia nesse mundo.
Menina iluminada, isso ela era também. Eu costumava dizer que ela era a minha luz em meio a escuridão sempre a me guiar rumo a felicidade. Meu riso sempre era mais feliz com ela.
Um tesouro precioso, desses que os piratas passam a vida procurando com o auxílio de um mapa e morrem sem encontrar. E eu, justo eu, tinha encontrado o tesouro, e desde então minha vida tem sido rica, valiosa, pois guardo esse tesouro raro em meu coração. 
Às vezes penso que ela é meu anjinho da guarda, que sobrevoa minha vida com o objetivo de me fazer feliz, de me ajudar a realizar meus sonhos... E se esse era realmente seu objetivo, tem cumprido com êxito desde o dia que cruzou o meu caminho.
Faltam-me palavras para descrever tamanho encanto, ela me emociona de tal forma que meu coração transborda. Porque ela vive, eu vivo. Porque ela vive, meu mundo tem duas vezes mais estrelas que o céu. Ela a melhor parte do meu mundo, a melhor parte da minha vida, a melhor parte de mim.
E hoje... Hoje faz 18 anos que esse anjo desceu ao mundo e há 18 anos o mundo tem sido muito mais bonito, pois ela faz do mundo o lugar melhor de se viver.
Hoje meu maior desejo era abraçá-la e dizer o quanto eu a amo, mas como não é possível o que me resta é fazer essa singela homenagem.


Feliz aniversário minha Camilinha linda linda linda, a mais linda do mundo inteiro. Obrigada por ser meu arco-íris em meio ao cinza, a estrelinha que ilumina o meu céu, meu Sol em meio a escuridão. Sou feliz porque finalmente encontrei alguém para contemplar comigo a imensidão. ♥

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Nós no coração

Nos últimos dias tenho me sentido muitos meios. Meio estranha, meio apaixonada, meio carente, meio triste! Meu coração tá confuso. Acelera e desacelera, tirando meu fôlego. Penso que ele esteja com saudades da rotina. Ou talvez esteja implorando por algo novo. Essas contradições me deixam maluca!

Venho perdendo muitas noites de sono. E apenas imploro naquele silêncio absoluto para que aquele nó sumisse imediatamente da minha garganta. E que meus pensamentos desaparecessem com a rapidez de uma estrela cadente que corta o céu. Mas esses pensamentos não foram tão bonzinhos assim. Na verdade vieram com tanta intensidade e quantidade que acabaram confundindo mais e mais o ponto que estava quase perdido. Aquele lugar que mais precisava de estabilidade, sustentação, de bases para fica ali paradinho e em perfeito estado, sem se mexer e nem derrubar nenhuma das pecinhas que mais precisavam de apoio. Mas como uma mente ficará quieta por no mínimo 5 segundos, no silêncio de um quarto escuro, com um coração virado aos avessos? E nessas horas eu penso "porque é tão bagunçado aquele lugar que deveria ser o mais quieto, o mais seguro?" É tamanha bagunça que os nós rodam e se enroscam, e ainda assim fica um nó por cima do outro.
As vezes atrapalha, machuca e arde muito. E não é pouco. É quase igual à uma queimadura ou uma cicatriz que, no tempo frio, lateja. Incomoda até os cantinhos mais seguros possíveis.

Ele sim! Ele é o motivo do meu sorriso torto, das aceleradas e dos nós no meu coração.Ah e reze muito pra não aparecer ninguém que mexa comigo enquanto você fica brincando de não saber o que quer.
Eu não recomendo estar o tempo todo ao meu lado. E nem julgo quem prefere deixar de estar. Se eu não fosse obrigada a conviver comigo, talvez nem eu mesmo estaria.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A canoa cor de nada



O meu coração precisa de algo além de sangue
venoso e arterial
e do movimento idiossincrático da
sístole e da diástole.
O meu coração – pequeno na sua
imensidão,
precisa de amor
e também de
solidão.
Esta, para discorrer,
sonhar, buscar e vomitar palavras em um
documento em branco do word:
aliviar a pressão de uma comporta não aberta.
Aquele, para eu simplesmente
amar, silenciar e acalentar 
o meu coração e a minha mente indômita perturbada pelas
quimeras da solidão.
O amor é o remar manso da minha canoa,
um ruído imperceptível aos ouvidos sensíveis.
Quando ama, não fala, não grita, 
apenas sente a beleza do amor e 
escuta...
escuta as palavras discorridas na ausência,
na solidão.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Enfim, completa

Sempre fui sonhadora, do tipo que inspira romantismo e expira esperança. Que perde o sono, porque não é preciso dormir para sonhar.
Sempre tive os sonhos como meus melhores amigos e eles nunca me abandonaram. Muitas vezes desisti de sonhar, mas felizmente os sonhos nunca desistiram de mim.
Há quem diga que quem sonha demais acaba se frustrando, e é verdade. Muitas vezes tive a decepção e frustração como companhia. Muitas vezes me afoguei em lágrimas por achar que meu destino era negligente e esquecia-se de me dar um pouco de felicidade, porque para mim tal sentimento sempre estava em falta.
Mal eu sabia que o meu destino se importava muito comigo, a ponto de achar que eu não merecia metades, que eu não merecia doses homeopáticas de felicidade. Ele preferiu guardar cada dose até ter certeza que eram suficientes para curar todas as minhas enfermidades. Então finalmente o destino resolveu me dopar, me fez tomar tantas doses de felicidade que a cura foi instantânea.
Há quem diga que não vale a pena acreditar nos sonhos que se tem, quão pobres são tais pessoas.
O “Era uma vez” pode sim transformar-se em um “É dessa vez!”. A história pode sim virar um conto de fadas. E o “felizes para sempre” pode sim ser distante o bastante para a história ser escrita de forma tão bela e detalhada que possa futuramente ser lida como a Bíblia do Amor.
Histórias não são contos fadas pela capacidade dos personagens serem príncipes e princesas. Contos de fadas têm a ver com a capacidade dos personagens terem coragem o suficiente para rejeitarem o papel de coadjuvante, para enfim terem acesso ao enredo dos protagonistas. Está na capacidade dos personagens viverem a história intensamente e aceitarem Deus como escritor.
Achamos que nunca viveremos uma fantasia cinderelesca, mas de repente a vida samba em nossa cara e ri nos dando o livro embrulhado para presente. Quando lemos nosso nome escrito no livro nem acreditamos, achamos que logo o despertador irá tocar nos acordando do sonho. Mas aí a gente acorda e vê que dormimos abraçados com o livro e quando abrimos nosso livro nosso nome ainda está escrito lá. E então sorrimos, sorrimos porque pela primeira vez a vida sorri pra gente.
Sim, a vida é engraçada e gosta de nos torturar um pouquinho. Nos dá provas de fogo só para ter certeza se somos merecedores do que ela, com muito carinho, nos reserva.
Sim, o mundo pertence aqueles que acreditam na beleza dos seus sonhos. E hoje o mundo me pertence, eu consigo abraça-lo, porque finalmente sou completa. Meus braços já não são curtos demais, porque a vida com muito amor me tornou infinita.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Pulsantes Impossibilidades

Impossível descrever o meu sentimento ao ser a responsável por um sorriso seu, seja ele de canto, envergonhado, descarado, espontâneo, ou multiplicado, em uma risada contagiante que flutua por toda a sala e colore tudo ao seu redor. 
Impossível descrever o que eu sinto quando eu penso em você, é carinho, é coração, é pele, é conexão, é química e é paixão, é tudo isso se misturando com um medo enorme de te perder. Não é aquele medo egoísta de sofrer, é medo de deixar de viver tudo aquilo que de melhor poderia nos acontecer, de nunca mais amanhecer com seus olhos de esperança me olhando, de não poder mais desenhar sorrisos no seu rosto, de não ouvir o teu silencio me dizendo coisas lindas.
Impossível não querer você sempre por perto, me virando, desvirando, revirando tudo do seu jeito tão atrapalhado, do seu jeito tão... eu. Tão meu! Impossível não temer a despedida. Mas se tiver mesmo que ir, deixa seu coração aqui comigo?

                                                                              - Thaís Karam (Curitiba - PR)

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A antítese paradoxal


Eu quero ser o choro da tua prosa
Eu quero ser o sorriso da tua poesia
Preciso enaltecer o botão desta rosa
Cheirar, contemplar e sentir a febre da tua alegria.

Sonhos de um poeta doente:
Todos os dias os muros gritam:
- É preciso acreditar na sua mente
E não seguir o que ditam.

Eu preciso sentir o teu doce calor
Envolver-me na relutância das tuas provocações
Voar, voar, voar, amor
Sentir a erupção das mentes em plenas convulsões!

Mente indômita que vasculha
O pérfido destino da plena razão
Dar-lhes-ei de presente
Toda a plenitude do coração.

É preciso esquecer a saudade que namora
Navegar nesse mar oblíquo
Dos teus olhos de aurora
À parte disso, tens sempre dito:

Acreditas, que o dia chegar-se-á
Esvoaçará em nuvens errantes
E sobrará tempo, dir-me-á:
- Plural são nossas noites dançantes!

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Pontos

Ventos do acaso conduziram a felicidade
Saturado em redemoinho de penitência
Um suspiro murmurava sem finalidade:
Não perdure em mim, eterna reticência

Banhado por suspense e mistério
Havia ali uma sentencia
Onde uma voz angustiada clamava em deletério:
Não perdure em mim, eterna reticência

Morada frívola desmoronou em quimera
Estrutura vã perdeu-se em negligência
Fumaça ilusória ecoava tamanha miséria:
Não perdure em mim, eterna reticência

Dos ventos passados - um suspiro emudeceu
O grito alforriado - bradou insolência
Vestígios bipartidos - ao desgosto cedeu 
Perdurou em si: reminiscência...

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O poema mais curto do mundo

06 de agosto de 2013
Querido moço dos olhos gentis,
Hoje é terça-feira e aqui estou eu na aula de Literatura com a mente confusa e o coração bagunçado. Enquanto a professora revisa no quadro negro todas as épocas literárias me pego criando um tempo novo, um tempo iniciado por uma história em que você é protagonista. Um tempo para dois. Para eu e você. Para nós dois.
Fujo para um local distante, minha imaginação torna-se minha guia e me pego sendo turista do Mundo dos Sonhos. Logo peço para visitar os pontos turísticos mais belos desse local e minha imaginação, muito competente, me leva até os seus olhos, depois ao seu sorriso, depois ao seu corpo. E após observar cada detalhe percebo que você é uma das maravilhas do meu mundo.
Retorno à realidade, pego meu caderno e com a caneta em mãos escrevo-lhe esta carta. Escrevo-lhe para pedir que liberte minha mente, que hoje se encontra escravizada por pensamentos fiéis a você.
Já não consigo prostrar minha razão a outra coisa além dos seus encantos. Estou hipnotizada por seus detalhes.
Por um breve instante me permito estar em sala de aula novamente e ouço a professora recitar um poema. Não me interesso. Pois o meu poema favorito apenas meu coração entende, apenas meu coração sabe interpretar, apenas meu coração sabe recitar: Você. 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Domingo à tarde


Domingo à tarde é um dia clichê para os amantes. Domingo à tarde, sol, sensação térmica febril, companhia, sorvete, parque. Não há dia mais clichê para um casal recém-apaixonado. Ela – garota dos olhos rasos cuja cor escura estremece qualquer encontro ocular perdido no espaço-tempo; corpo de uma palidez que chega a ofuscar quando os raios solares incidem sobre sua pele cuja maciez balança qualquer coração empedernido; seios delicadamente pequenos; anca avantajada; pernas delicadíssimas. A rapariga com cuja voz doce e delicada. Ele – garoto dos olhos perdido; pele áspera; rosto de uma brancura que cuja olheira enxerga-se de longe; pescoço esguio; um corpo magro e delicado, porém atlético; uma voz surrada e cansada.

Era um domingo de dezembro quando o casal recém-apaixonado, cheio de promessas, emanando amor por todos os orifícios do corpo, com juras eternas de amor, arquitetando todos os devaneios para uma vida longínqua e apaixonada, resolveram, pós-almoço, dar uma volta no parque da cidade.

O parque ficava localizado a três quadras do local onde o casal se encontrava. Caminharam silenciosamente. Todo o percurso fora feito de mãos dadas: como se aquelas mãos tivessem sido projetas para encaixarem-se perfeitamente. Era uma sensação de bem-estar, tanto para ela, quanto para ele, estar ligados pela perfeição do encaixe das anatomias: é como dois planetas errantes caminhando a um buraco negro; não há volta.

Chegaram ao parque suando. Ela, com toda delicadeza que uma garota apaixonada, sempre quer estar radiante ao lado do amado. Sentia-se mal por estar com os cabelos perdidos no espaço e estar suando desesperadamente por causa do calor que o azul cristal do céu mandava: apenas algumas nuvens errantes ao céu. Ele percebeu o mal-estar que emanava dos olhos de Karen e disse, Vamos ao banheiro, nos secamos com o papel-toalha que lá se encontra. Ela sorriu e caminharam ao banheiro.

Resolveram dar uma volta de bicicleta. O parque, todo arborizado, lembrava uma floresta: o cantarolar dos passarinhos, o vento balançando os galhos das árvores, as sombras das árvores. Pedalaram por alguns minutos, silenciosamente. Ambos eram pessoas quietas. Após alguns minutos, Karen sentiu-se uma fadiga e disse a Jonas, Amor, vamos parar naquela sombrinha, não há ninguém, podemos sentar um pouquinho e descansar para depois voltarmos. Ele apenas fez um gesto de consentimento com a cabeça.

Deixaram as bicicletas ao chão e à sombra deitaram, lado-a-lado. O lugar estava vazio, apenas o cantarolar dos passarinhos e o soar do vento. Jonas disse, Karen, a vida nos surpreende sempre. Ela o interrompeu dizendo, Sim, mas por que estás me dizendo isso, perguntou. Ele sorriu e disse, Porque eu sou descrente no destino e a vida me colocou uma pessoa muito especial. Ela sorriu deliciosamente e permaneceu em um silêncio saudável por alguns instantes e completou, Realmente, a vida é cheia de surpresas, por mais clichê que isso possa soar, após uma pausa, continuou, Aqueles que estão dispostos a remar nesse mar desconhecido que é o futuro, pode se surpreender com simples gestos que passam despercebidos aos olhos daqueles cuja sensibilidade fora roubada pelo mundo.

Jonas sentiu um calor lhe preencher o peito: como se uma cancela de sangue tivesse sido aberta abruptamente. É como se aquelas palavras proferidas docemente lhe colocassem em um lugar no qual a gravidade não o prende ao espaço físico. Ele sorriu abestalhado. Abraçou-a e tomou-a em seus braços. Por um instante dois corações soaram em uníssono. As suas bocas se encontraram e seus corpos estavam elevados a um estado de serenidade e bem-estar: a lassidão perpétua de um amor recíproco O cantarolar dos passarinhos complementava a música que pairava sobre as suas cabeças, a qual ninguém escutava nem mesmo eles, porém eles sabiam que havia uma música sendo cantada do Universo.

Resolveram, após o encontro dos lábios macios de Karen e os lábios densos de Jonas, voltar a andar com as bicicletas emprestadas pelo parque. Andaram mais alguns minutos, o sorriso desenhado no rosto de ambos quando seus olhos se encontravam por um tênue momento, mostrava que a felicidade era uma casa pequenina no coração gigante de dois amantes. Devolveram as bicicletas e resolveram voltar à casa.

No caminho de volta, resolveram parar numa sorveteria. Karen pediu um sorvete de flocos, Jonas a acompanhou, porém com um de menta com chocolate. Sentaram-se e começaram a saborear o sorvete. Mas, aos olhos do público, eles estavam saboreando o amor. A liberdade que o amor recíproco causa no coração das pessoas. Subitamente, Jonas pensou que a liberdade deste amar uma hora acabaria: todas as promessas, todos os planos para uma vida longínqua, apenas acabaria. Seu coração, subitamente, esmoreceu. Sentiu um mal-estar, mas mesmo assim saboreava alegremente aquele momento. Pois a ausência é um conjunto de presenças não sugadas pelo coração; e ele sugava todas as horas que passava ao lado de Karen. E Karen também aproveitava cada momento ao lado de Jonas.

À porta da casa de Karen, Karen o envolveu em seus braços. Jonas sentiu o calor dos braços de sua amada. Por alguns minutos ficaram se entreolhando, a meia-distância. Aquela sensação de desvendar o que o outro esconde atrás dos olhos, os excitavam. Era um momento de transe. Jonas a beijou apaixonadamente e Karen retribuiu na mesma intensidade que o amor permite. Despediram-se.

Jonas caminhou alguns metros e sentiu um ar gélido lhe correr pela espinha. Olhou para trás e viu que Karen ainda se encontrava ao portão. Voltou bruscamente e lhe disse, Eu quero aproveitar cada minuto ao teu lado, quero envolver-te apaixonadamente em meus braços todas as noites que ainda estão por vir, quero amar-te até mesmo quando todos os nossos momentos que estamos vivendo acabarem. Ela sorriu e era um sorriso de consentimento, de mutualismo. Eles se beijaram como se aquele fosse o último beijo dos amantes.


Domingo à tarde é feito para os corações apaixonados, nada mais.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

O cobertor vermelho

Estava em seu quarto, em seu vasto latíbulo. Uma espécie moderna de um casulo volvido por cicatrizes alheias. Era isso. Ela é isso. Protegida por seu cobertor vermelho, nenhuma fresta Solar habitava ali. Busquei enfim questionar aquela situação atual.

- Onde se encontra o brilho que cintilava em seus olhos?
- Conheces o filho do dono da padaria? Ah.. pobre menino. Andava tão desiludido da vida. Entreguei à ele os mais singelos detalhes que haviam por detrás de meus olhos.
- E seu sorriso? Onde se encontra?
- Conheci uma menina que passava por tamanha inquietação. Acredita que ela não encontrava uma razão para se alegrar da existência? Pois bem, entreguei o meu sorriso embrulhado em um largo abraço.
- Eu não consigo perceber seu ânimo, por onde ele caminha?
- Atrás da praça tem uma pequena casinha amarela, conheces? Lá mora uma senhora que procura apenas por uma bifurcação, tentando se livrar da doença que lhe encontrou. Deixei com ela o meu mais autêntico entusiasmo. 
- E sua auto estima?
- Um rapaz no metrô.. ele estava tão cabisbaixo. Após longas conversas, depositei nele toda minha fonte de motivação.

Percebi quando ela fechou os olhos. Aceitei tal ação em silêncio. Acredito que estava saturada de perguntas minhas, e decidiu então aniquilar as mesmas.

- Somos poeiras cósmicas - ela disse por fim - vestígios em decomposição. Corpos celestes que se desvanecem buscando silenciosamente algum afago. Constelações de estrelas isoladas. Percebe? Estamos à  mercê do mundo, e dos outros.

Novamente ela fez daquele cobertor vermelho, sua única segurança. Perdendo-se entre costuras e cicatrizes. Fiquei portanto vislumbrando tal casulo impregnado de estilhaços de outrem. Como uma doação de órgãos ela continha-se em tantos, menos em si. Suas dores delineavam-se em paredes interiores, e lá nenhuma janela existia. Motivada pelo desânimo, lentamente o sono a apagou. Concedendo-me a ação de excarcerar tamanho eco. Resolvi finalmente entregar-lhe a estrela central. Lentamente abri as janelas de seu quarto, esperando que tais frestas Solares iluminassem também sua alma. Ofereci à ela naquele dia o Sol e minha total esperança. Desejando que quando acorda-se pudesse outrossim despertar para a vida. E enxergar naquele Sol tão solitário, uma razão para cintilar novamente. Porque a frequência de estarmos à mercê do mundo e dos outros, não inibe a autoridade individual de gerir nossas constel(ações).

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Sentir sem estar

Um minuto, um instante, um detalhe, uma eternidade.
Um sonho realizado em constante continuidade.
Razão e coração cada dia a se complementar.
Um sentimento que perdura mesmo sem estar.
Sem estar perto, ao lado, a frente. 
Um estar sem comparecer, um estar diferente.
Sem estar vendo, falando, ouvindo.
Um estar infinito, um estar sentindo.
Sentir a voz sem estar ouvindo.
Sentir a presença sem estar vendo.
Sentir cada batida do coração em sincronia com outro,
mesmo sem saber se o outro está batendo.
Não ter asas e sentir que está voando.
Sentir o amor sem ter certeza se está amando.
Uma eterna interrogação que insiste em exclamar.
Vivo e respiro esse sentir sem estar. 

sábado, 3 de agosto de 2013

Opostos

Foi em Janeiro, verão de 2012 que a vi pela primeira vez, sentada ao lado de Drummond no calçadão da praia mais conhecida no mundo. Ao som do mar e visão de seus cabelos dourados e ondulados ao vento, pele celestial revestida pelo brilho do sol e um jeito meigo e apaixonante com que lia sua apostila do vestibular.
Logo se via que namoro não era bem seu objetivo e esse ano ela venderia sua alma aos estudos. Mas era totalmente mágico como eu tinha me apaixonado tão rapidamente por alguém que eu nunca havia falado. Nunca nem um oi ou um bom dia, ou qualquer outro cumprimento formal sem nenhuma intenção de interesse. Acho que ela nem me enxergava, pois passava por ela várias vezes sem nem atrair um olhar. Nem minha língua ela falava, nem meu olhar ela lia, nem a mim ela enxergava. Ela em matemática era poliglota, já eu, de poemas e textos sobre meus sentimentos por ela ainda me engasgava em minhas próprias ideias, que por serem muitas e distintas nunca me davam um verdadeiro e único fim.
Minhas esperanças partiam da teoria de que sem a língua portuguesa não existiriam maneiras de se resolver um problema aritmético, sendo assim, uma disciplina complementava a outra, assim como meus sentimentos, talvez, complementassem os dela. Porém em toda ideologia e filosofia de vida há trevas e nesse caso minhas trevas eram o medo baseado na intimidação do ideal perfeito de padrões estéticos de beleza impostos pela sociedade, onde perto dela eu me sentia um verdadeiro ogro, e não pela brutalidade ou força, mas sim pela feiura desse ser mitológico. Eu me afundava cada vez mais nessa escuridão e a deixava tomar cada vez o controle da situação, nunca me encorajando em trocar se quer uma palavra com ela, mínima que fosse.
Meu forte puramente não eram exatas e o dela entender meus sentimentos por trás das palavras. Por que crer que falar é melhor que escrever? Palavras faladas são jogadas ao vento e nem sempre encontram seu rumo, ou nem sempre são verdadeiras. Já escritas, precisam de um elemento a mais, seja ele uma amostra de opinião ou sentimentos. Se quem lê irá entender ou não, isso cabe ao autor decidir, pois muitos preferem viver na solidão de suas mentes, de seus corações, sem direcionar suas criações a um determinado alguém. Muitos não dariam valor a um texto em prova, a um poema ou a uma simples carta de amor, pois muitos absurdamente denominam esses tipos de atitudes sentimentais cafonas e ultrapassadas. Acontece que essa também é uma forma de se expressar, às vezes a mais fácil encontrada pelo remetente para que ele possa transmitir sua mensagem.
Era tortuoso vê-la passar com seus amigos e nem se dar conta de que eu estava ali, sempre olhando por ela, admirando-a e desejando que ela desse um sorriso para mim por mais amarelo que fosse. Mas me expressar somente por textos que ela nem ninguém jamais leriam não estava me ajudando em nada, pois eu continuaria sofrendo e escrevendo, e ela nunca me perceberia como gente, como um eterno e secreto apaixonado. E essa era minha nova determinação, dando certo ou não, não estaria perdendo nada, agora eu arriscaria de tudo para ganhar a reconhecimento dela.
                                                                              - Lucas Soares (Cascadura - RJ)

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Às 16:03h

Há muito tempo que a escuridão é minha companheira fiel
Eu não enxergo nada além do que as quatro paredes que me cercam
Eu estou trancafiado em um mundo frio
Meu coração está se tornando um coração empedernido
Eu temia isso. Eu não queria que isso sucedesse na minha vida.
Eu tenho um coração empedernido!
Não! Basta-me! Mas eu não tenho força para levantar.
Estou absorto. Sou um lunático com medo da luz.
O que é a luz se não um monte de cores misturadas
Eu prefiro o preto. Mas o preto é a mistura de todas as cores.
Então eu quero ser a cor branca, mas a cor branca não reflete nada
E eu reflito dor, angústia, solidão, tristeza, impurezas.
Não acredito em mais nada!
A minha vida, aos poucos, esvai-se!
Isso é o que mais me dói
Eu poderia sentir a ausência de uma vez, mas a sinto todos os dias
Dolorosamente.
Eu sinto demasiadamente a ausência do mundo.
O que é o mundo se não a destruição por nada.
Mas por que eu me destruo lentamente?
Não sei. Só sei que eu vejo minha destruição.
Não consigo me acolher através da razão.
Estou machucado. Meu coração está dilacerado!
Mas o que eu posso fazer?
Lamentar? Não, não posso!
Chorar? Não, não posso! Já chorei em demasia com idas que nem chegaram a casa.
Eu apenas quero sentir. Mas não sei o que sentir.
Eu sinto tudo: o mundo, o cego, o enfermo e o mudo.
Eu sou todo e não sou nada
Pois eu não sei quem eu sou e não sei quem é ninguém
Mas às vezes eu preciso de alguém
E não encontro ninguém. 
Apenas quero viver, mas viver é andar de encontro à morte
Mas tudo leva a morte.
Não há saídas. Estamos todos à espera do ceifador.
Será que morrer dói?
Meu coração já morreu demasiadas vezes. Doeu.
Mas eu vivi, ou revivi
Mas eu tenho medo de partir
Na verdade não tenho medo de partir
Eu tenho medo de ver alguém partir!
Por isso eu trago o mundo
E meus pulmões doem. Será que perderei o ar?
Morrer! Viver! Empalidecer!
Sou um pálido angustiado à espera de um novo amanhecer!
Mas o que é o amanhecer se não a ausência da escuridão
Mas eu gosto da escuridão
Sinto-me anestesiado no escuro
Ofereça-me companhia, uma boa companhia
Que me complete nas entranhas da minha vida.
Que não tema a dor nem a tristeza nem a felicidade nem a anestesia
Que não tema nada!
Que esteja disposta a mergulhar no mar enegrecido que eu sou!
Mas eu não sou nada!
Então, preencha-me, nem que seja com as tuas lágrimas!

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Do alto da pedra

Era manhã de Julho e eu estava ali, na cidade maravilhosa, de frente para a praia mais conhecida do Brasil. 
Já tinha passado por Drummond e pedido alguns conselhos. Já tinha passado por Caymmi e ouvido ele tocar em minha imaginação.
Apegada aos detalhes fui caminhando e me apaixonando por cada pequeno encanto que passava por meus olhos. É que ali o nada se tornava tudo.
Prossegui guiando meus passos para frente, até de longe enxergar aquelas pedras. Fui subindo até chegar no alto do Arpoador, sentei-me ali e fiquei a espera de assistir ao mais lindo espetáculo que o Sol estava preparando.
O horizonte ainda estava escuro, apenas a Lua iluminava as águas a minha frente e o meu coração estava tomado pela mais deliciosa ansiedade. Naquele momento eu me permiti ser platéia da maior Estrela do mundo. Fechei meus olhos e agradeci a vida por me permitir vivenciar um verdadeiro e lindo sonho. Parecia que eu tinha vivido para ver aquele momento. Abri meus olhos e o horizonte ia clareando a cada minuto que se passava, até que de repente eu vi a luz ardente crescer de uma forma inimaginavelmente incrível. A bola de fogo iluminava todo o meu foco de visão, ia rasgando o horizonte a minha frente. A imensidão marítima e celeste já não estava mais tomada pela escuridão. E foi ali, do alto daquela pedra que eu vi o Sol nascer pela primeira vez rente aos meus olhos no horizonte. Mantive meus olhos bem abertos, mas silenciei minha mente. Abri uma nova caixinha de sentimentos em meu coração e ali depositei cada sensação que estava me tomando. Senti-me completa, renovada e só então percebi que junto com o Sol também estava nascendo uma nova menina dentro de mim. Uma menina de alma iluminada, de coração ardente, um menina com o interior ensolarado. Eu que sempre fui preenchida com a frieza e tristeza do cinza, finalmente tinha encontrado a mais bela e forte luz. 
Olhei para o céu e pedi à Deus que ouvisse todos os sonhos que estavam crescendo dentro daquele meu coração eternamente apaixonado pela vida. Entreguei-me àquele momento, porque ali eu deixei de ser incompreendida, incompleta, inconstante, invisível.  Aquele lugar me compreendia, me completava, me enxergava. Eu queria permanecer ali para sempre, e esse sentimento, eu sabia, seria constante até o último instante da minha existência. Novamente fechei meus olhos, e nesse momento tudo que me vinha em mente era aquele certo alguém, tudo que meu coração desejava era que aquele alguém estivesse ao meu lado, tudo que minha alma bradava era o nome dele. Com as mãos no peito eu pedi mentalmente a Deus que, algum dia, me permitisse estar no alto daquela pedra novamente para ver aquela cena de novo, mas dessa vez com aquele alguém ao meu lado. Depositei todas as minhas preces no Sol que nascia, no céu que se iluminava, nas águas que dançavam, e eu sabia que lá de cima Deus aplaudia sua natureza e conspirava a favor desse meu novo sentimento. Eu sabia que assim como Ele criou o Sol, o céu, a terra e as águas, era Ele também que tinha plantado no meu coração aquela nova semente do amor. 
Contive as lágrimas que ardiam e sorri, porque naquele instante eu tive a certeza que, um dia, eu estaria naquele lugar novamente. Deixei meu coração naquele horizonte com a convicção de que, mais cedo ou mais tarde, eu voltaria para buscá-lo. (Dessa vez para entregá-lo àquele alguém que estaria ao meu lado.)

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Soneto da saudade imensa

A saudade é imensa
E essa dor de sentir saudade não compensa:
O coração fica ébrio de tristeza
E o café arrefece à mesa.

Lembro-me das promessas passadas e comemoradas
Que fazíamos em meio ao enluarar
Agora, são promessas lembradas:
Que estaríamos sempre de sentinelas, postos a amar.

O nosso singelo amor arrefeceu
Meu coração tornou-se empedernido:
E uma vida minha morreu!

Resta-me o estado febril das palavras
Que me são jogadas:
Sem o menor sentido!

terça-feira, 23 de julho de 2013

Fútil coração
Pouco sabe guardar
as coisas na mão, e acha que sabe amar.

Tambor de confusão
Prossegue a cantar e pensa que é feliz.

Oh! Doce ilusão
Quando chegastes? Nunca te quis.

Rumo nesse vagão
Vinhentes em meu peito aflorar.

Tamanha solidão
Eu tão só, não sei amar.

sábado, 20 de julho de 2013

Plural Eu

Me pego em teu abismo, e recrio nossas fantasias.
O que seria de mim, se não tivesse as lembranças para me afogar? 
Nessa noite fria e vazia, tudo que consigo é pensar em ti.
O "pra sempre" se foi com o vento, e nas tuas palavras só restaram a dor.

Meu coração à pouco remendado, eu entregaria a você. 
Daria-te os olhares sinceros, o meu mais belo sorriso. 
Faria de nossas canções, melodias para bailar junto a ti.
Acabaria com essa dor que sinto. Coloriríamos o vazio. 

Ah coração, olhe onde se meteu. 
De tantos meios para se viver bem, escolheu amar um peito que não era seu.  

Queria dançar em teus braços, me mover nesse lindo compasso. 
Faria com que nossa dança durasse uma eternidade. Ou apenas mais uma lembrança.

Dói-me sonhar, principalmente por os sonhos serem meus e não nossos. 
Dói ser singular/plural, num mar de cicatrizes uniformes. 

Ah, coração, olhe onde se meteu. 
Tão apegado as memórias, restou apenas o plural. 

Eu.
                                                                                                 - @retiessencia - São Paulo - SP.