“Se podes olhar, vê.
Se podes ver, repara”.
Se podes ver, repara”.
E, por um deslize do
destino, o mundo-sem-humanidade, deixou, como podemos ver, aqueles cujos olhos
ainda processam imagens, ou podemos sentir, aqueles cujos olhos já não
processam imagem, de caminhar para uma vida saudável e sustentável. Estes,
conseguem adsorver o que há no âmago das coisas; o que há no âmago das pessoas
e o que há no íntimo da nossa fauna e da nossa flora. Aqueles, ah, aqueles! Não
conseguem sentir o prazer de consumir o que nos é de mais importante, apenas
consomem para dizer o que o tem; não conseguem sentir a sensibilidade de um
coração; e, o mais absurdo de todos os males da humanidade, o ser que habita o
ápice da cadeia animal, não consegue usar os recursos naturais de maneira
sustentável, e o mais colossal dos abismos: recursos os há suficientes, mas não
para saciar sustentavelmente as vontades de todos que habitam um planeta sem
âmbito. A ambição nos cegou?
O mundo-sem-humanidade
caminha para a extinção de todas as espécies. A gana por acúmulo de papel-moeda
já ganhou grande parte dos corações que cá habitam: do mais pobre àquele que
com sua fortuna daria o que comer, diariamente, a todos os habitantes desse
mundo tão esquisito e maravilhoso, ao mesmo tempo. Mas, como percebemos, cegos
como os somos, a esquisitice sempre prevalece no dia-a-dia. Não generalizo,
ainda há aqueles que pensam numa humanidade mais humana, ou em humanos com mais
humanidade. Tanto o faz. Porém, é uma parcela ínfima da população, cujos gritos
não fazem nem cócegas na barriga daqueles que estão morrendo de tanto comer e
cujos gritos não saciam a fome daqueles que não tem sequer uma refeição diária.
Estamos cegos?
O destino, pobre que é o
destino, o qual une pessoas e através do qual destroça seres humanos. O destino
o quis assim: aqueles que determinam a rota que o navio percorrerá são os
mesmos que ainda podem ver os traços de abajures, de sofás, de estantes, de
lápides, todos estes, no mais alto padrão, no mais alto cifrão. Consumindo-os
sem pensar nas consequências, apenas enfeitando uma casa de quilômetros
quadrado com peças dos mais altos padrões, pois, como nós sabemos, os cegos
deveras, um ambiente que carece de calor humano, tem que ser completado com a
frieza materialista. Estamos enxergando?
A corrida é longa. Mas ela
dará no mesmo lugar, sem exceção: um corpo putrefato, o qual, ao olfato
daqueles que ainda vivem, tem um cheiro execrável. Não é um texto pessimista, é
uma realidade nefasta, de caráter ignóbil. Uma mixórdia do lado mais horrendo
do ser humano.
Estranha sensação de que o bem, na sua astronômica magnitude,
perder-se-á para o ínfimo átomo do mal. Tempos em que enxergamos, mas não sentimos.
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