sábado, 22 de junho de 2013

Teus olhos castanhos e grandes e confusos


Contemplo aqueles olhos castanhos e grandes e confusos. Questiono-me, o que há de ser? O que há de ser de nós? O que há de ser dessa livre humanidade que caminha sobre correntes incertas? O que há desse singular que se encaixa perfeitamente no plural?

- Já se pegou em tais indagações, vagando por tais universos? Preso em perguntas que possuem respostas próximas a loucura? -

É este meu mundo. É essa minha vida. Um quê eloquente amarrado a um por de romance. Um desespero flácido, inconstante, que traduz em linhas os pensamentos tortuosos de meu ser.

Mas volto-me aos olhos castanhos e grandes e confusos. São eles, o início de tudo, são eles que me levam a tais ruas-pensativas-e-desoladas. Estes dois olhos ambíguos que sugam cada força de minha egocêntrica alma e acabam por me levar a um lugar onde tudo que habita são dois. Duas luas, dois rios, dois segredos, duas vidas. Nossas duas vidas. Nossas. Pois para que uma vida se tornasse, antes de tudo, foram-se necessárias duas vidas, a minha, a tua, e por fim, a nossa. Talvez fosse necessário mais de duas, mas por enquanto as nossas bastam. São suficientes as dores e as alegrias que circulam nossa existência. Nossa simples existência, se não fosse por teus olhos castanhos e grandes e confusos que transformam o comum ao raro. Estes olhos que delineiam os meus dias, as minhas noites e perseguem cada página que folheio. São estes olhos que me causam uma insônia que transborda em um sonho sem fim.

Parece tão sem sentido, que apenas olhos castanhos e grandes e confusos respondam a um mar infinito de perguntas. Olhos que marejam diariamente um oceano de exclamações enquanto os admiro silenciosamente sentado a sua frente, numa pose discreta que indica o quanto teus olhos são mais fortes que teu sorriso vago.

– O que há de ser? – perguntam-me inúmeras vezes esses teus olhos. - O que há de ser? De tudo, de nós, dos muitos, dos únicos, dos tais? O que há de ser?
Balbucio. – Há de ser amor. – Há de ser amor, doce, quente, insano, mas amor. – Que outra coisa seria se não amor? Algo que captura meus dias e me transportam para a noite de teus olhos castanhos e grandes e confusos.



Texto escrito por Laura. Sorocaba - São Paulo

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