terça-feira, 4 de junho de 2013

Moço das Orquídeas

Naquele Sábado alaranjado ele apareceu. Adentrou apressadamente no vagão e minuciosamente comecei a observa-lo. Sentou-se ao lado posterior do trem, e numa total desarmonia batia sua mão em seu joelho esquerdo. Trajava calça jeans, camiseta azulada, gravata preta. E em sua mão segurava afetuosamente um buque. Um lindo e singelo buque de orquídeas brancas. Impacientemente ele olhou seu relógio, e colocou-se mais uma vez à melodia dissonante. Acrescentando agora, o barulho de seu pé ao chutar a planície daquele vagão.

Estaria angustiado pela possibilidade de uma resposta negativa, ou pelo próximo passo diante a aceitação de sua Donzela?

O Moço das Orquídeas e sua Donzela Perdida! Perdida em cicatrizes de um passado artificial, ela se privava do ardor. Copiosamente tornar-se-ia uma inocente na aptidão do sentir. Vivia para as lembranças, e subitamente transfigurava-se em suas cópias irreais.

Meus olhos que encaravam em devaneio o fundo do vagão pairou mais uma vez sobre ele, que naquele momento checava o bilhete contido em seu bolso. Cuidadosamente sua visão fitava o papel, contaminando-o com uma serenidade não visualizada anteriormente."Trago-lhe essas orquídeas e junto delas, entrego meu coração. Espero que possa de bom grado, cuidar e regar por quantas primaveras vierem.."

Durou um breve instante quando ele se posicionou à porta do trem, que rapidamente ao abrir, lhe convidava ao seu destino. "Boa sorte, Moço das Orquídeas" pensei esperançosa em um breve sorriso, ao enxergar as portas daquele vagão se atraindo. Lá se foi. Levando meus pensamentos, e suas Orquídeas.

Poderia escrever uma poesia sobre ele, um conto. Ou melhor, um livro. Poderia sim! Porém aquela história não me cabia, e tão pouco aquele personagem. Nada daquilo me pertencia.. apenas, o súbito desejo de ser sua Donzela Perdida.

"Prometo cuidar dessas pétalas murchas que em sentença rondam minha mente. Prometo lhe esperar até a próxima primavera naquele mesmo vagão, Moço ilusório das Orquídeas.."

Sinto o movimento do trem seguindo sua sina.
Sinto minhas utopias.


2 comentários:

Betina Pilch disse...

Sempre me flagro fantasiando a realidade. Sigo inventando histórias, personagens, porque a vida real nem sempre é tão bela como nos nossos sonhos.
Senti uma vontade enorme de conhecer o Moço das Orquídeas, e assim como você, desejei ser sua Donzela.
Parabéns minha Camilinha linda!

Anônimo disse...

Encantada com tua arte Camila! Nos poucos caracteres do Twitter tu ja tinhas me ganhado, mas agora sou tua fã por inteiro!